Professor do Cefet/RJ integra experimento internacional de detecção de neutrinos
Pesquisadores do experimento CONNIE usando roupas de proteção devido ao manuseio do chumbo para a blindagem dos detectores. Da esq. para a dir.: Aldo Rosado (Cefet/RJ), Miguel Sofo Haro (Centro Atómico Bariloche) e Martin Makler
O experimento CONNIE, um dos maiores estudos de Física de Partículas na América Latina, reúne, atualmente, mais de 30 pesquisadores de seis países: Brasil, Argentina, México, Estados Unidos, Paraguai e Suíça. Entre os físicos brasileiros que participam do estudo, está o professor Aldo Rosado Fernandes Neto, do Cefet/RJ Uned Angra dos Reis, além de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF).
Membro do projeto desde 2017, Neto é um dos responsáveis pelas instalações físicas do experimento, que está em um contêiner, a 30 metros do núcleo do reator da usina nuclear de Angra 2. O professor realiza a manutenção dos equipamentos e garante o funcionamento adequado, uma vez que a tomada de dados ocorre de forma ininterrupta.
A sigla CONNIE significa Experimento de Interação Coerente entre Neutrinos e Núcleos (do inglês, Coherent Neutrino-Nucleus Interaction Experiment). O objetivo do experimento é implementar uma nova técnica de detecção de neutrinos usando dispositivos de carga acoplada (skippers CDDs), a mesma tecnologia utilizada nas câmeras de aparelhos celulares, porém, adaptada para a detecção de partículas. Altamente sensíveis, os CDDs detectam partículas em energias até então inacessíveis e possibilitam uma nova janela para a pesquisa em Física Fundamental e Aplicada, especialmente para os estudos da interação dos neutrinos além do Modelo Padrão.
“Neutrinos são partículas extremamente difíceis de serem detectadas. Trilhões deles, oriundos do Sol, atravessam nossos corpos a cada segundo sem causar efeito algum”, explicou o professor Aldo Rosado Neto. De acordo com o docente, no experimento CONNIE, durante a reação de fissão nuclear produzida na usina, a equipe investiga como os neutrinos interagem com os núcleos de átomo de silício presente nos detectores (CDDs), em energias geralmente mais altas do que aqueles que vêm do Sol.
Neto também destacou o potencial do projeto como oportunidade de formação científica para os estudantes do Cefet/RJ e de credenciamento da instituição para a pesquisa de ponta. “Esperamos que os resultados obtidos tragam visibilidade internacional para todas as instituições envolvidas. Seria ótimo poder contar futuramente com estudantes das áreas de Engenharia da Uned Angra. Existem muitas atividades no experimento em que eles poderiam colaborar”, afirmou.
Em 2024, a física Carla Bonifazi, pesquisadora do CBPF, foi nomeada porta-voz do experimento, posição que coloca o Brasil em papel de liderança no projeto internacional. Em 2025, como reconhecimento da crescente participação de pesquisadores brasileiros na área de neutrinos, o Rio de Janeiro foi escolhido para sediar, o workshop Magnificent CEvNS, que reuniu, pela primeira vez no Hemisfério Sul, especialistas da área de Física de Partículas, na sede do CBPF.
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